Um dia...

foges de casa e não deixas sequer um bilhete.

Levas a roupa do corpo e uma mala tipo "sportbilly".

Antes de saires, (como deverá estar um sol do camandro), decides passar protector solar no frontispício e enfiar um chapéu na mona, (nesta altura ainda não sabes qual vai ser o teu destino, mas não pretendes chegar estorricada!).

Bates a porta e caminhas direita à Gare. Compras o bilhete, entras no comboio e sentas-te na última carruagem. Contemplas o teu rosto no vidro da janela e amaldiçoas-te por teres feito uma limpeza de pele. Começas a brincar com o cabelo, tiras o ipod da mala tipo "sportbilly" e sentes um consolo imenso por haver destas mais-valias pós-modernas no mundo: "- Sem música é que ninguém consegue viver, caramba!" - pensas tu, e muito bem, para com os teus botões.

Umas horas mais tarde estás em Lisboa frente ao aeroporto, e observas o entra e sai de pessoas. Apanhas um avião que rasga o ar e aterra em Madrid. A tua escolha pela capital de nuestros hermanos é óbvia e resume-se a uma frase: já que aprendeste espanhol, há que praticá-lo!

Uma vez em Madrid, corres para o primeiro hotel que te aparece, pois, coño, não tarda a desabar uma chuvada e na mala tipo "sportbilly" que trouxeste só cabem umas miniaturas, o teu diário pessoal e tecnologia zippada.

No quarto de hotel, reparas que aquele local não é tão animado como o havias imaginado no caminho, mas - mesmo assim - não te deixas impressionar. Estendes-te em cima da cama e pedes uns mojitos ao serviço de quartos. Pouco tempo depois, enquanto bebericas a bebida alcoólica da tua preferência, pensas - FINALMENTE - na vida e sentes-te orgulhosa de ti: FUGISTE!

Pela primeirissima vez na vida és uma fugitiva a sério, uma proscrita como a Calamity Jane dos quadradinhos do Lucky Luke! Uáu! Deixaste tudo para trás sem pestanejares - plick, plick - duas vezes! Desapareceste. Deste à sola. Abalaste!...

Mas eis que... PRIM PRIM PRIM!, ouves uma campainha e e e acordas com o despertador...

Afinal, minha amiga, não passou tudo de um sonho...