sábado, fevereiro 09, 2008

Já tudo te ensinei, das equações elípticas
ao pastiche de pã; só não ouso
abrir-te a arca do puro ou do impuro,
do bem e mal que nos separa e ata.
Por um lençol ou lenço vou sentir
ciúme e escuridão e medo abjecto
de te perder, de te ganhar, de ter
nas minhas mãos o fecho do teu pranto.
Já só posso aprender: a, como tu, cantar
sem voz nem duro rosto de palavras,
a abrir a porta que nunca ninguém viu,
a descobrir, mas sós, a fenda azul do céu.
Hás-de esquecer-me, como me esqueci
do amor mais claro que vivi,
para que a rima cesse e ao longe se ouçam
passar pela floresta os instrumentos.


António Franco Alexandre

1 comentários:

Post-It disse...

"...hás-de esquecer-me, como me esqueci do amor mais claro que vivi..."
Olarilas!
:P