domingo, março 04, 2007

Tudo Bem

(...)
Talvez daqui a uns anos a vida já não me interesse - o entusiasmo perde-se na sarjeta das saudades e os bocados de nós que se precipitam lá para dentro já valem pouco quando o tempo fica de permeio. Não quero gostar dela daqui a cinco anos, nem daqui a dez. Quero gostar dela agora e fazer coisas normais: abrir portas, fechá-las com cuidado, sentar-me à mesa e comer sem pressa, olhar para outras pessoas e não falar de boca cheia, descrever os pratos com todo o entusiasmo gastronómico dando, quando a quando, opiniões cinegéticas. Não pensar e caminhar na vida sem sentir profundo - deixar que as coisas aconteçam e achar que está tudo bem. Ter como problema fundamental o saber se a cerveja que se vai beber está ou não bem gelada. Refilar com o criado só para lhe mostrar que se é um tipo bestial.
(...)


O Caranguejo
Ruben A.

1 comentários:

Maria Strüder disse...

Como gostava que estas palavras bonitas me fizessem sentido