Sobre uma maleita.

Há quem sofra de Poesiastite....

A Poesiastite pode ser AGUDA ou CRÓNICA - dependendo das caracteristicas pessoais do(s) sujeito(s).

Nas suas manifestações agudas, as mais exuberantes e efémeras, a Poesiastite progride rápidamente. Caracteriza-se por inflamação das cordas vocais, verborreia, exaltação, delírio, non-sense, euforia e muito papel escrito.

Geralmente, encontra-se associada a momentos de paixão assolapada - pode ser por um livro, uma música, uma pessoa ou par de sapatos novos - acontecendo, pelo menos, uma vez na vida de todos os individuos - SEM EXEPÇÃO! (É assim como os piolhos. Ninguém está imune, até as cabeças mais bem lavadas!).

Já a Poesiastite Crónica é doença para a vida.

Evolui lentamente, tem periodos de crise efabulatoria mais ou menos prolongados, fácilmente identificáveis pelo tom macambúzio e o uso recorrente de interjeições Ah! e Ai! no discurso oral e escrito do(s) enfermo(s).

Os primeiros sintomas surgem na adolescência. É preciso estar atento às rimas que começam a brotar da boca e pena (caneta?) dos jovens, do tipo: "- Não vês como isto é duRO, ter de enfrentar o futuRO com pústulas no rosto?!", pois podem ser um pronuncio da doença. (Sobretudo se os sintomas persistirem por mais de 2 anos e 3 meses.)

A partir desta fase, a maleita vai-se instalando gradualmente: as pessoas ficam magrinhas que nem espinafres, mas não murcham nem se finam, não, não! A doença não é das que matam, só das que desassossegam um bocadito... E lá vão andando com a cabeça entre as orelhas e a rima na boca, reivindicando que a Poesia lhes basta para viver...

Ah, pois, não tem remédio!...