Pescado e atirado para o fundo do barco, o polvo ali ficou, imóvel, durante muitas horas. Mas quando chegou a terra firme, mergulhado numa tina de água salgada, reanimado, veio à tona da água e gritou: "Um momento!"
Perguntei-lhe o que queria. Ele respondeu: "Conhecer a minha sorte."
Eu disse: "Vais ser fervido, temperado com azeite, sal, limão e salsa e, finalmente comido...
O polvo pareceu desconcertado e abanou o saco, repetindo: "Fervido, temperado com azeite, sal, limão e salsa e comido... não percebo, não percebo mesmo..."
Cheio de curiosidade, perguntei o que previam, no fundo do mar. Inchou-se de prosápia e respondeu: "Não é pouco o que me perguntas, isto é, uma história completa das nossas crenças...nem todos os polvos estariam em condições de satisfazer a tua curiosidade... tens a sorte de te ter calhado um polvo culto... previno-te que é uma longa história."
Querem mesmo saber o que pensam no fundo mar?!
Também eu! Vou ler...
--> Alberto Moravia - Polvos Em Polémica, no livro Contos Surrealistas e Satíricos
5 comentários:
LINDO!
:D
Tenho uns quantos livros do Moravia. Muito aconselhável!
Moravia é Moravia!
Pobre polvo! Espero que não lhe tenha acontecido nada de mal!
isso quer dizer que se uma gajo aparecer junto de uma gaja com azeite, sal, limão e salsa ela entende que ela a quer comer!!!
Só se já vier cozidinho, também...
;P
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